quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

ESTUDO 10 DE MARCOS

UM PARALÍTICO E QUATRO AMIGOS 
(MC 2.1-12)

E alguns dias depois entrou outra vez em Cafarnaum, e soube-se que estava em casa.

E logo se ajuntaram tantos, que nem ainda nos lugares junto à porta cabiam; e anunciava-lhes a palavra.  
E vieram ter com ele conduzindo um paralítico, trazido por quatro.
E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava, e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
E Jesus, vendo a fé deles, disse ao paralítico: Filho, perdoados estão os teus pecados.
E estavam ali assentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:
Por que diz este assim blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus?
E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si, lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vossos corações?
Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados; ou dizer-lhe: Levanta-te, e toma o teu leito, e anda?
Ora, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder para perdoar pecados (disse ao paralítico),
A ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
E levantou-se e, tomando logo o leito, saiu em presença de todos, de sorte que todos se admiraram e glorificaram a Deus, dizendo: Nunca tal vimos.

INTRODUÇÃO

Essa comovente história de mais um milagre operado por Jesus Cristo é contada por três evangelistas: Mateus (Mt 9.1-8), Marcos (Mc 2.1-12) e Lucas (5.17-26). E, em contraste com o capítulo 1 de Marcos, o capítulo 2 inicia a narrativa da perseguição sofrida por Jesus. Essa oposição que se iniciara com Satanás e seus demônios, agora tem continuidade através de homens. Os escribas, fariseus, doutores da lei e os herodianos vão se unir nessa oposição ao ministério de Jesus.


1) ANÁLISE DA MULTIDÃO

Quem fazia parte da multidão que ouvia Jesus, não somente neste episódio, mas durante a sua caminhada?

1º)  Pessoas que iam obter cura:
·         Elas não estão preocupadas com sua salvação, suas vidas estão boas apesar de necessitarem de uma cura;
·         Elas não enxergam Jesus como o Salvador, mas como o abençoador;
·         Querem tudo no plano físico;
·         Querem respostas rápidas;
·         Não estão dispostas a pagar o preço do discipulado.

2º)  Pessoas que são carregadas por outras:
·         Não conhecem a Jesus;
·         Não tem forças para irem até Jesus;
·         Precisam de amparo, ajuda, até mesmo de serem carregadas.

3º)  Pessoas que levam outras até Jesus:
·         São misericordiosas e cheias de compaixão;
·         Amam ao próximo;
·         Colocam em prática os sentimentos que inflamam seu coração, elas agem e não apenas assistem a miséria alheia;
·         Estão dispostas a ajudar o próximo a carregar seu fardo até Jesus.

4º)  Curiosos:
·         Ouviram falar e querem ver com os próprios olhos;
·         Estão curiosos para saber quem é Jesus;
·         Estão curiosos para ouvir o que ele fala;
·         Estão curiosos para verem seus milagres.

5º)  Críticos:
·         Pessoas que queriam vigiar Jesus;
·         Queriam contradizê-lo;
·         Estavam com o coração fechado, não eram ouvintes sinceros;
·         Geralmente são religiosos e colocam fardos sobre os outros;
·         Tropeçam em sua própria teologia;
·         Analisam a pregação, o ensino, as ações com intenção destrutiva e não construtiva.

6º)  Invejosos:
·         Os invejosos queriam pregar com o conhecimento que Jesus tinha, falar com a autoridade que ele tinha, fazer sinais e milagres como ele fazia;
·         Não estavam dispostos a pagar o preço e não aceitavam que Jesus se destacasse mais do que eles;
·         Filipenses 1.15 nos afirma que muitos pregam a Cristo por inveja e porfia.

7º)  Pessoas que impedem a passagem de outros:
·         É a multidão que bloqueia outros de se achegarem a Jesus. A multidão pode ser nossa família, amigos, parentes, colegas de trabalho, colegas da faculdade, irmãos da igreja, obreiros, etc;
·         Colocam empecilhos, dificuldades, não querem nos deixar orar, jejuar, ler a Bíblia, ir à igreja, cumprir com nossos compromissos com Deus.

8º)  Pessoas que querem apenas ouvir e aprender, mas não querem fazer parte:
·         São os intelectuais, que desenvolvem apenas a mente e não abrem o coração;
·         São racionais e não compreendem as coisas espirituais;
·         São sábios aos seus próprios olhos.

9º)  Pessoas que são instrumentos de Satanás, o joio no meio do trigo:
·         Querem destruir a sua fé;
·         Querem destruir seu ministério;
·         Querem destruir sua reputação;
·         Enganam, mentem, atacam, perseguem, ser rebelam até provocar a sua morte.

10º)                     Pessoas que buscam salvação:
·         Reconhecem que são pecadores e que necessitam de um Salvador;
·         Não querem apenas as bênçãos de Jesus, mas reconhecem que as bênçãos fazem parte daqueles que são filhos de Deus;
·         Querem ter um relacionamento com Jesus;
·         Estão dispostos a pagar o preço do discipulado.


2) ANÁLISE DOS QUATRO AMIGOS

Segundo o pastor Hernandes Dias Lopes, os quatro amigos tiveram quatro atitudes admiráveis:

1ª) TINHAM VISÃO: A visão determina a maneira de viver, a visão determina a ação. A visão espiritual é necessária para mudar o seu jeito de viver e para que você queira ajudar o próximo. O homem sem Jesus está só, doente, perdido. Não há esperança para os aflitos a menos que os levemos a Jesus. Nós não podemos converter as pessoas, mas podemos levá-las a Jesus. Não podemos realizar milagres, mas podemos deixar as pessoas aos pés daquele que realiza milagres.

2ª) TINHAM DETERMINAÇÃO: Aqueles homens tiveram várias dificuldades, mas não desistiram. Primeiro, o peso do paralítico. Segundo, a multidão que não abria espaço. Terceiro, eles não acharam lugar junto à porta. Quarto, subir com o paralítico para o telhado da casa. Quinto, destelhar a casa. Sexto, descer o paralítico até Jesus. A persistência desses homens nos ensina que quando um caminho está bloqueado, devemos procurar outro.

3º) TIVERAM CRIATIVIDADE: No manual de como levar um paralítico a Jesus não dizia assim: “Quando não tiver jeito, faça isto ou aquilo”. Eles estão enfrentando um problema novo e precisam achar uma solução. Então, pensaram: “Vamos subir, abrir o teto e descê-lo aos pés de Jesus”. O telhado provavelmente era formado por vigas e pranchas por cima das quais esteiras, ramos, e galhos, cobertos por terra batida, eram colocados.  Eles destelharam o telhado e desceram o homem no seu leito onde Jesus estava. Cada geração precisa encontrar respostas para o seu tempo. Eles mudaram de método, inovaram e foram ousados. Tem gente que diz: “Nós sempre fizemos assim. Não pode mudar”. E aí, perdemos a geração. Temos de ter coragem de quebrar paradigmas. Deus é criativo. Precisamos ter criatividade na abordagem, na comunicação, nos métodos. A mensagem é sempre a mesma, mas os métodos podem e devem ser adaptados de acordo com as circunstâncias.

4º) EXERCITARAM UMA FÉ VERDADEIRA: Apesar de nenhum desses homens ter falado coisa alguma, todos confiaram. E foi isso que realmente importou.224 A fé dos homens tocou o coração do Senhor, levando o evangelista a registrar: “Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados” (2.5). Adolf Pohl citando Calvino e Bengel diz que a fé do paralítico está aqui incluída.225 Eles não poderiam fazer o milagre nem salvar o homem, mas eles poderiam levá-lo a Jesus. Levar o paralítico a Jesus era tarefa deles, perdoar e curar o coxo era obra exclusiva de Jesus. A fé não é complacente nem inativa. Essa fé não é um salto no escuro, como pensava o filósofo existencialista Kirkegaard, mas uma fé operosa, que atua pelo amor. O milagre é Jesus quem faz, mas nós somos cooperadores de Deus. Levar as pessoas aos pés de Jesus é nossa missão. Precisamos ter fé que Jesus vai salvá-las, curá-las, libertá-las. Precisamos evangelizar e ter fé que a igreja vai crescer.


3) ANÁLISE DO PARALÍTICO

1º)  Ele reconhecia a sua necessidade;

2º)  Ele reconhecia que precisava da ajuda de outras pessoas;

3º)  Ele cria que Jesus podia curá-lo;

4º)  Ele ouviu o que Jesus disse;

5º)  Ele obedeceu a ordem de Jesus.


4) ANÁLISE DA AÇÃO DE JESUS

Segundo o pastor Hernandes Dias Lopes, a obra de Jesus é completa: Ele perdoou e curou; cuidou da alma e do corpo; resolveu as questões do tempo e da eternidade. Vejamos o que Jesus fez pelo paralítico:

1º) Em primeiro lugar, Jesus curou o paralítico emocionalmente. A primeira palavra que Jesus disse ao paralítico foi: “Tem bom ânimo” (Mt 9.2). Escondidos atrás da paralisia estavam a depressão, o desespero, a auto-imagem destruída, as emoções amassadas, os sonhos quebrados. Jesus diagnosticou que as emoções estavam mais enfermas que o corpo. Antes de aprumar o seu corpo, Jesus restaurou as suas emoções. Jesus sempre nos dá o que precisamos!

2º) Em segundo lugar, Jesus curou o paralítico psicologicamente. Jesus disse para o paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (2.5). Jesus levantou sua autoimagem. Aquele pobre paralítico era como uma cana quebrada, que vivia no desalento, dependendo de esmolas para sobreviver. Ele se julgava sem valor e sem prestígio. Não se sentia amado. Mas seus amigos investiram nele e Jesus, o Senhor do universo, o chamou de “filho”. Não é pouca coisa ser amado por Deus!

3º) Em terceiro lugar, Jesus curou o paralítico espiritualmente. Jesus lhe disse: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (2.5). O pecado é a pior tragédia. Ele é a causa primária de todas as nossas mazelas. O pecado não perdoado é o maior amigo de Satanás e o pior inimigo do homem. O pecado é a pior doença. É o veneno doce que mata o corpo e a alma. O pecado é pior do que a solidão, que a pobreza, que a doença, que a própria morte. Todos esses males não podem nos separar de Deus, mas o pecado nos separa de Deus agora e também na eternidade.  Jesus nunca tratou a questão do pecado com leviandade, diz William Hendriksen.235 Ele não lidou com o pecado apenas como um tênue sentimento de culpa ou traumas psicológicos. Para Jesus o pecado, é um desvio indesculpável da santa lei de Deus (12.29,30), que tem um efeito drástico sobre a alma.

4º) Em quarto lugar, Jesus curou o paralítico fisicamente (2.10-12). Jesus curou o homem fisicamente. Seus pés se firmaram, seus artelhos ganharam força, seus nervos atrofiados voltaram a funcionar, seus músculos explodiram com nova vitalidade e o homem entrevado saltou da sua cama cheio de vigor. A cura do paralítico foi imediata, completa, perfeita e gratuita. Jesus tem autoridade para perdoar e para curar ainda hoje. Ele é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre. Ele é o Jeová-Rafá, aquele que sara todas as nossas enfermidades.


5) ANÁLISE DAS CONSEQUÊNCIAS DAS AÇÕES DE JESUS

Segundo o pastor Hernandes Dias Lopes:

1º) Houve grande admiração entre as pessoas. Marcos registra a admiração do povo. Mateus diz que as multidões ficaram “possuídas de temor” e Lucas diz que todos “ficaram atônitos e possuídos de temor”. A multidão, na verdade, ficou atônita, assombrada, fora de si.237 Cafarnaum, como nenhuma outra cidade, presenciou as maravilhas realizadas por Jesus. Ele pregou-lhes aos ouvidos e aos olhos. Eles ouviram e viram coisas gloriosas. Contudo, embora ficassem extasiados, não foram transformados. Nada endurece mais o coração do que ouvir a Palavra e não a colocar em prática, diz John Charles Ryle.238 Eles ouviram uma das mais pesadas sentenças de Jesus mais tarde:
Tu Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menor rigor haverá, no dia do juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo. Mt 11.23,24

2º) Houve uma exaltação ao nome de Deus.

3º) Houve reintegração na família (2.11). Jesus curou o paralítico e lhe ordenou a voltar para casa. Um novo tempo haveria de acontecer agora naquele lar.






Estudo baseado no livro de Marcos - Pastor Hernandes Dias Lopes - Editora Hagnos