segunda-feira, 29 de março de 2021

ESTUDO 39 DE ATOS DOS APÓSTOLOS: PAULO E A IGREJA DE ATENAS (17.16-36)

 


Paulo, partindo de Bereia, chegou a Atenas. Atenas era uma cidade localizada cerca de 10 km a nordeste do porto de Pireu, no litoral do golfo Sarônico, possuía uma grande herança cultural. No começo do século 5 a.C., Atenas alcançou o apogeu sob o comando do grande líder político Péricles (495-429 a.C.), um período marcado pela construção do Partenon e vários templos e outras estruturas magníficas, além do surgimento dos grandes poetas clássicos Ésquilo, Sófodes; Eurípedes e Aristófanes. Apesar de conquistada pelos romanos em 146 a.C., Atenas continuou a ser um dos grandes centros intelectuais e culturais do mundo. Vejamos alguns aspectos acerca da passagem de Paulo por Atenas.

 

1)     ATENAS ERA UMA CIDADE CARREGADA DE IDOLATRIA (17.16)

Na Acrópole, além do Paternon e outros templos com imagens idólatras, havia outros edifícios públicos e comerciais que exibiam diversas estátuas de deuses, tanto nos mercados abaixo como em toda a região ao redor da Acrópole. A Acrópole em si, era um complexo de templos pagãos localizado no alto da colina rochosa, na capital grega.

 A Bíblia afirma que enquanto Paulo esperava Silas e Timóteo em Atenas, seus espírito se revoltava em face a idolatria dominante na cidade. Assim como em Atenas, vários locais são carregados dessa idolatria: o nordeste brasileiro sendo devoto a Padre Cícero; Trindade – Goiás, e sua romaria ao Divino Pai-Eterno; Aparecida do Norte idolatrando a Nossa Senhora Aparecida; Índia e seus milhares de deuses. Da mesma forma que Paulo se revoltou, o nosso espírito também precisa se perturbar diante dessa face demoníaca da idolatria. A fé dessas pessoas pode ser verdadeira, mas está depositada em demônios.

 

2)     PAULO PREGOU NAS SINAGOGAS (17.17)

Paulo, na inquietude de seu espírito, dispôs-se a dissertar nas sinagogas entre os judeus e os gentios piedosos. Ele foi inicialmente para o campo religioso, pregou dentro dos portões da religião, iniciou seu trabalho dentre o rebanho de Israel. Nosso primeiro campo missionário é fazer algo dentro de nossa própria igreja. Para poder trabalhar fora primeiramente é preciso trabalhar dentro. As sinagogas representam nosso trabalho na igreja.

 

3)     PAULO PREGOU NAS PRAÇAS (17.17)

Paulo dirigiu-se também às praças. A praça era o local popular em que se encontravam todos os tipos de pessoas. Na praça não há escolha de público. Lá existem pessoas de várias raças, credos, classes sociais, pensamentos, personalidades ou faixa etária. A seara é grande e a colheita deve ser feita no mundo. As praças representam nosso trabalho evangelístico no mundo.

 

4)     PAULO PREGOU NO AERÓPAGO (17.19)

Paulo dirigiu-se também aos intelectuais. “Aos intocáveis espiritualmente diante do racionalismo vigente”. Para alcançá-los, Paulo pregou no aerópago. No aerópago as autoridades filosóficas, educacionais e intelectuais de Atenas se reuniam para deliberar sobre questões civis, filosóficas e religiosas. Havia dois grupos principais de filósofos em Atenas: os epicureus e os estoicos. Epicuro (342-270 a.C.), era fundador do sistema filosófico conhecido como epicurismo, que ensinava que o objetivo principal da pessoa era viver de maneira prazerosa e sem dores, aflições ou medos. Por outro lado, Zenão de Cício (340-265 a.C.), fundador do estoicismo, ensinava a necessidade de viver em harmonia com a natureza, recorrendo somente à razão e outros recursos autossuficientes, e pregava um Deus panteísta (Deus que está em tudo da natureza) como a “alma do mundo”. Paulo não teve medo de enfrentar os intelectuais, ele acreditava que a sabedoria humana e suas heresias não triunfariam sobre a mensagem da cruz:

 

Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Pois está escrito: "Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos inteligentes".
Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era? Acaso não tornou Deus louca a  abedoria deste mundo? Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana,  agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação. Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus. 1 Coríntios 1:18-24

 

A razão não deve ser inimiga da fé, mas sua aliada para se oferecer um verdadeiro culto racional. Paulo combateu heresias, mas infelizmente o que vemos hoje é a igreja se autocombatendo: existe uma luta entre arminianos e calvinistas, pentecostais e tradicionais, guerra entre denominações, e até mesmo, guerra entre irmãos da própria igreja. Se a salvação é pela fé mediante a graça e se Jesus Cristo é o nosso único Senhor e Salvador, se é essa a nossa fé, então somos irmãos. Combatemos ideias, principados e potestades, não pessoas. Vencemos os erros doutrinários dos filósofos pela mensagem da Cruz e não por vãs discussões. O aerópago representa nosso trabalho evangelístico entre os “sábios desse mundo”, sábios segundo os seus próprios olhos, não segundo Deus.

 

5)     PAULO PREGOU SOBRE O DEUS DESCONHECIDO (17.23)

“O altar do DEUS DESCONHECIDO, pode ser uma referência ao Altar dos Doze Deuses em Atenas ou talvez outro altar que foi erigido com essa inscrição para garantir que nenhum deus fosse esquecido. Paulo reaplicou as citações e usou essa inscrição para elaborar o seu discurso sobre o Deus vivo e pessoal que criou o mundo, que não é feito de pedra, não está confinado às construções humanas, criou a humanidade e controla continuamente a História e o lugar onde as pessoas devem viver.” (Bíblia de Estudo Genebra, p.1453)

Paulo aproveitou esse altar e criou uma nova dinâmica para pregar, mas com a mensagem inalterável do evangelho. Um ditado popular diz que Deus não tem formas, mas formas de agir. A igreja não deve ser um método engessado, ela deve se adaptar desde que a mensagem continue sendo a mesma, as Verdades Bíblicas.

 

6)     NEM SEMPRE A INTENÇÃO DO PÚBLICO AO OUVIR É VERDADEIRAMENTE ESPIRITUAL (17.21)

O versículo 21 diz que: “Pois todos os de Atenas e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir as últimas novidades.” Os motivos do público não eram espirituais, mas a busca por novidades. Da mesma forma, muitos que escutam a Palavra de Deus não estão buscando a salvação, alguns buscam cura, vitória financeira, solução de problemas sentimentais, libertação dos filhos das drogas, entre outros. Não importa o motivo, nosso trabalho é pregar. Só Deus sabe como a semente reagirá em cada coração. O solo pode ser pedregoso, espinhoso, cair fora do caminho ou em solo fértil. Nós semeamos e Deus dá o crescimento.

 

CONCLUSÃO: A pregação de Paulo em Atenas foi riquíssima e exemplar para as igrejas de todas as épocas. Nossa semeadura deve ser no campo religioso, no campo profano (mundo), no campo filosófico (intelectuais). Nossos métodos podem variar desde que a pregação seja genuinamente bíblica. O que precisamos é semear sempre, sem ostracismo religioso, estagnação ou covardia. 

 

Referências: Bíblia de Estudo Genebra, Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, Artigo da Revista Acadêmica Vox Scriptural, vol. XVIII, nº 1.