Paulo,
partindo de Bereia, chegou a Atenas. Atenas era uma cidade localizada cerca de
10 km a nordeste do porto de Pireu, no litoral do golfo Sarônico, possuía uma
grande herança cultural. No começo do século 5 a.C., Atenas alcançou o apogeu
sob o comando do grande líder político Péricles (495-429 a.C.), um período
marcado pela construção do Partenon e vários templos e outras estruturas
magníficas, além do surgimento dos grandes poetas clássicos Ésquilo, Sófodes;
Eurípedes e Aristófanes. Apesar de conquistada pelos romanos em 146 a.C.,
Atenas continuou a ser um dos grandes centros intelectuais e culturais do
mundo. Vejamos alguns aspectos acerca da passagem de Paulo por Atenas.
1) ATENAS ERA UMA CIDADE CARREGADA DE IDOLATRIA (17.16)
Na Acrópole,
além do Paternon e outros templos com imagens idólatras, havia outros edifícios
públicos e comerciais que exibiam diversas estátuas de deuses, tanto nos
mercados abaixo como em toda a região ao redor da Acrópole. A Acrópole em si,
era um complexo de templos pagãos localizado no alto da colina rochosa, na
capital grega.
A Bíblia afirma que enquanto Paulo esperava
Silas e Timóteo em Atenas, seus espírito se revoltava em face a idolatria
dominante na cidade. Assim como em Atenas, vários locais são carregados dessa
idolatria: o nordeste brasileiro sendo devoto a Padre Cícero; Trindade – Goiás,
e sua romaria ao Divino Pai-Eterno; Aparecida do Norte idolatrando a Nossa
Senhora Aparecida; Índia e seus milhares de deuses. Da mesma forma que Paulo se
revoltou, o nosso espírito também precisa se perturbar diante dessa face
demoníaca da idolatria. A fé dessas pessoas pode ser verdadeira, mas está
depositada em demônios.
2) PAULO PREGOU NAS SINAGOGAS (17.17)
Paulo, na
inquietude de seu espírito, dispôs-se a dissertar nas sinagogas entre os judeus
e os gentios piedosos. Ele foi inicialmente para o campo religioso, pregou
dentro dos portões da religião, iniciou seu trabalho dentre o rebanho de Israel.
Nosso primeiro campo missionário é fazer algo dentro de nossa própria igreja. Para
poder trabalhar fora primeiramente é preciso trabalhar dentro. As sinagogas
representam nosso trabalho na igreja.
3) PAULO PREGOU NAS PRAÇAS (17.17)
Paulo dirigiu-se
também às praças. A praça era o local popular em que se encontravam todos os
tipos de pessoas. Na praça não há escolha de público. Lá existem pessoas de
várias raças, credos, classes sociais, pensamentos, personalidades ou faixa
etária. A seara é grande e a colheita deve ser feita no mundo. As praças
representam nosso trabalho evangelístico no mundo.
4) PAULO PREGOU NO AERÓPAGO (17.19)
Paulo dirigiu-se
também aos intelectuais. “Aos intocáveis espiritualmente diante do racionalismo
vigente”. Para alcançá-los, Paulo pregou no aerópago. No aerópago as
autoridades filosóficas, educacionais e intelectuais de Atenas se reuniam para
deliberar sobre questões civis, filosóficas e religiosas. Havia dois grupos
principais de filósofos em Atenas: os epicureus e os estoicos. Epicuro (342-270
a.C.), era fundador do sistema filosófico conhecido como epicurismo, que
ensinava que o objetivo principal da pessoa era viver de maneira prazerosa e
sem dores, aflições ou medos. Por outro lado, Zenão de Cício (340-265 a.C.),
fundador do estoicismo, ensinava a necessidade de viver em harmonia com a
natureza, recorrendo somente à razão e outros recursos autossuficientes, e
pregava um Deus panteísta (Deus que está em tudo da natureza) como a “alma do
mundo”. Paulo não teve medo de enfrentar os intelectuais, ele acreditava que a
sabedoria humana e suas heresias não triunfariam sobre a mensagem da cruz:
Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para
nós, que estamos sendo salvos, é o poder de Deus. Pois está escrito:
"Destruirei a sabedoria dos sábios e rejeitarei a inteligência dos
inteligentes".
Onde está o sábio? Onde está o erudito? Onde está o questionador desta era?
Acaso não tornou Deus louca a abedoria
deste mundo? Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio
da sabedoria humana, agradou a Deus
salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação. Os judeus pedem
sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a
Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para
os gentios mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o
poder de Deus e a sabedoria de Deus. 1 Coríntios 1:18-24
A razão não deve
ser inimiga da fé, mas sua aliada para se oferecer um verdadeiro culto
racional. Paulo combateu heresias, mas infelizmente o que vemos hoje é a igreja
se autocombatendo: existe uma luta entre arminianos e calvinistas, pentecostais
e tradicionais, guerra entre denominações, e até mesmo, guerra entre irmãos da
própria igreja. Se a salvação é pela fé mediante a graça e se Jesus Cristo é o
nosso único Senhor e Salvador, se é essa a nossa fé, então somos irmãos. Combatemos
ideias, principados e potestades, não pessoas. Vencemos os erros doutrinários
dos filósofos pela mensagem da Cruz e não por vãs discussões. O aerópago
representa nosso trabalho evangelístico entre os “sábios desse mundo”, sábios
segundo os seus próprios olhos, não segundo Deus.
5) PAULO PREGOU SOBRE O DEUS DESCONHECIDO (17.23)
“O altar do DEUS DESCONHECIDO, pode ser uma
referência ao Altar dos Doze Deuses em Atenas ou talvez outro altar que foi
erigido com essa inscrição para garantir que nenhum deus fosse esquecido. Paulo
reaplicou as citações e usou essa inscrição para elaborar o seu discurso sobre
o Deus vivo e pessoal que criou o mundo, que não é feito de pedra, não está
confinado às construções humanas, criou a humanidade e controla continuamente a
História e o lugar onde as pessoas devem viver.” (Bíblia de Estudo Genebra,
p.1453)
Paulo aproveitou esse altar e criou uma nova
dinâmica para pregar, mas com a mensagem inalterável do evangelho. Um ditado
popular diz que Deus não tem formas, mas formas de agir. A igreja não deve ser
um método engessado, ela deve se adaptar desde que a mensagem continue sendo a
mesma, as Verdades Bíblicas.
6) NEM SEMPRE A INTENÇÃO DO PÚBLICO AO OUVIR É VERDADEIRAMENTE ESPIRITUAL
(17.21)
O versículo 21 diz que: “Pois todos os de Atenas
e os estrangeiros residentes de outra coisa não cuidavam senão dizer ou ouvir
as últimas novidades.” Os motivos do público não eram espirituais, mas a busca
por novidades. Da mesma forma, muitos que escutam a Palavra de Deus não estão
buscando a salvação, alguns buscam cura, vitória financeira, solução de
problemas sentimentais, libertação dos filhos das drogas, entre outros. Não importa
o motivo, nosso trabalho é pregar. Só Deus sabe como a semente reagirá em cada
coração. O solo pode ser pedregoso, espinhoso, cair fora do caminho ou em solo
fértil. Nós semeamos e Deus dá o crescimento.
CONCLUSÃO: A pregação de Paulo em Atenas foi
riquíssima e exemplar para as igrejas de todas as épocas. Nossa semeadura deve
ser no campo religioso, no campo profano (mundo), no campo filosófico
(intelectuais). Nossos métodos podem variar desde que a pregação seja
genuinamente bíblica. O que precisamos é semear sempre, sem ostracismo religioso, estagnação ou covardia.
Referências: Bíblia de Estudo Genebra, Bíblia
de Estudo Aplicação Pessoal, Artigo da Revista Acadêmica Vox Scriptural, vol.
XVIII, nº 1.