A cura do paralítico de Cafarnaum é relatada
nos Evangelhos chamados sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas; o que reforça ainda
mais este fato tão importante descrito por três evangelistas diferentes.
Conta-nos a narrativa que entrando Jesus
novamente em Cafarnaum, as pessoas ouviram falar que ele estava em casa e
dirigiram-se para lá. São levantadas diversas hipóteses a respeito de quem
realmente era o dono da casa: alguns afirmam ser de Jesus, outros de Pedro,
outros inventam heresias anunciando que era a casa de praia de Jesus. Não vejo
aqui nenhuma necessidade de definirmos de quem era casa, creio que se esta
informação realmente nos fosse necessária ela teria nos sido transmitida.
Certo afirmar que, não era a primeira vez que
Jesus estava lá, mas era o dia certo do milagre para este paralítico. Por que
não fora curado das outras vezes que Jesus esteve lá? Porque tudo tem seu tempo
debaixo desta terra como nos afirma Eclesiastes 3.1.
Muita gente se reunira ali, pessoas com
propósitos diferentes como sempre há em toda a multidão: alguns queriam ouvir a
pregação de Jesus, outros queriam receber um milagre, outros estavam lá porque
foram convidados, outros eram curiosos, alguns buscavam milagres, outros eram
carregados como o paralítico, outros estavam lá só para ver se Jesus cometia
algum erro para acusá-lo (mestres da lei), e por último, alguns estavam lá para
serem instrumentos de Deus para abençoar outros.
Vejo em Mc 2.2 Jesus executando o papel do
grande Mestre, ensinando ao povo, tão carente de entendimento. Muitas vezes, ao
ministrar a Palavra, sinto-me triste por diversas pessoas que estão na multidão
não compreenderem a mensagem que está sendo transmitida; permanecem com seus
corações endurecidos e ignoram o que o Espírito Santo deseja-lhes falar
abertamente acerca do Reino de Deus; mas, ao olhar para Jesus ensinando vejo as
mesmas atitudes da multidão, como podem escutar o Filho de Deus falar e
continuarem ignorantes e endurecidos? Quantos profetas Deus enviou e ainda
envia a seu povo e eles permanecem como Israel, com seus corações obstinados como
no dia da provocação do deserto. A natureza humana não mudou, ela continua
rebelde e reluta contra o espírito. Sei que assim como nos tempos de Jesus,
muitos estão aqui hoje, porque foram convidados, outros estão aqui porque tem
medo de ir para o inferno e permanecem na igreja, abandonando o motivo
principal: a gratidão à graça e ao amor de Deus. Outros ao término desta
mensagem irão dizer que não gostaram da pregação, ouviram o pregador falar, mas
não abriram seus corações para o que Jesus o verdadeiro pregador lhes queria
dizer.
Mas gostaria ainda, de ressaltar um grupo
especial que se encontra em todas as igrejas: o grupo dos que vão até Jesus,
porém não vão só, levam outros com eles. Vejam estes quatro amigos, e analisem
sua atitude individual e conjunta. Cada um deles decidiu ir até Jesus, cada um
deles se dispôs, cada um deles creu, cada um deles decidiu fazer algo pelo
próximo, cada um deles não mediu esforços físicos e espirituais. Após terem uma
atitude individual partem para uma atitude coletiva, sabem que sozinhos não
podem ajudar ao amigo, mas juntos, unidos, dividindo o peso, dividindo a
tarefa, conseguem executar a missão.
Analisem a posição destes quatro amigos e
tragam para suas vidas hoje. Quantos estão aqui nesta noite buscando em favor
de outra pessoa. Em seu íntimo você decidiu se colocar na brecha, em seu íntimo
você decidiu lutar, decidiu trabalhar no mundo espiritual e no mundo físico em
favor de alguém. Após tomar esta atitude você percebeu que esta batalha seria
mais facilmente ganha se a lutasse junto com todo o batalhão; então, veio para
a igreja aonde todo o exército de Cristo batalha junto e uns ajudam a carregar
o fardo dos outros. Foi necessária verdadeira disposição individual e também
coletiva para que o paralítico alcançasse a vitória, mas vemos que seus fiéis
amigos não desistiram; eles carregaram junto aquele que necessitava.
A multidão não permitia que estes cinco homens
avançassem. A multidão era uma barreira, um impedimento. Afinal de contas,
muitos também queriam receber um milagre. Em nossas vidas algo semelhante
acontece, a multidão também nos impede muitas vezes de alcançarmos nossos
objetivos, se levantam e impedem que alcancemos e passemos pela porta. Mas quem
é esta multidão? Quem é a multidão para cada cristão? Ela se faz diferente de
cristão para cristão, mas exercem a mesma função de impedimento.
Quem é
a sua multidão? Para alguns os próprios parentes (que moram em outras casas)
que nos impelem a desistir de alcançar o alvo, reclamam de abandono, reclamam o
desprezo, e se comportam como mensageiros de Satanás. Para outros o cônjuge,
que tenta roubar o lugar de Deus. Para outros os filhos. Para outros os amigos.
Para outros irmãos da própria igreja. Para outros ele próprio é a multidão.
Todos aqueles que se levantam como impedimento e dificultam nosso encontro com
Jesus fazem parte da multidão.
Ao analisarmos a atitude destes quatro amigos
frente ao problema do paralítico, ficamos sobremaneira boquiabertos. Criam
firmemente que Jesus poderia curá-lo, e para tanto não mediram esforços físicos
e espirituais de fé. Não se importaram em serem impossibilitados ou até mesmo
ridicularizados pela multidão: se não fosse possível por terra, tentariam um
esforço a mais pelo telhado.
A atitude radical e extremada é necessária quando
não estamos conseguindo chegar a Jesus pelos meios mais convenientes. Se a
multidão (de pessoas, de problemas) te impede de chegar a Jesus, suba no
telhado e desça seu problema diretamente no colo de Jesus.
Em meio às dificuldades é necessário manter a
calma para esperar em Deus. O crente desesperado não consegue ver saída.
Aqueles homens podiam ter desistido olhando apenas para a multidão, para a
impossibilidade de se chegar à porta ou até mesmo na janela. Creio que aqueles
homens oraram e no meio da dificuldade Deus lhes mostrou a escada e o telhado.
A saída nem sempre está estampada em nossa face, mas Deus que é onisciente está
sempre conosco e Ele nos indica o caminho a seguir.
Muitas pessoas não vêem a glória de Deus
porque desistem no meio do caminho. Porque se desesperam e não conseguem ver o
que Deus tem para mostrar. Enquanto tivermos força temos que lutar. Será que
foi fácil carregar o paralítico e enfrentar a multidão? Não! É óbvio que não.
Mas eles tiveram determinação, tiveram perseverança, tiveram atitude!
Saia de seu comodismo nesta noite, não olhe
para seus problemas ou para os problemas daqueles que você tem apresentado como
se fossem impossíveis de serem solucionados. Tome uma atitude individual, tome
uma atitude coletiva; vá até Jesus, não tenha medo, leve seu paralítico junto.
Enfrente esta multidão que tenta te impedir de alcançar sua bênção e de
abençoar outros. Enfrente seus problemas, se não consegue ver saída, peça
direção a Deus. Se não consegue ver a porta, ele te mostrará um caminho
alternativo. Os métodos de Deus são surpreendentes. Ele poderia ter levado o povo israelita pela
estrada convencional, mas preferiu abrir o mar. Ele poderia ter aberto os
portões de Jericó para o povo entrar, mas preferiu derrubar as muralhas. Ele poderia
ter feito Jesus curar o paralítico à distância, mas mostrou o telhado para
estes homens.
Se não consegue atingir Jesus pelos métodos
tradicionais que você tem usado, faça algo diferente. Se sua oração não tem
surtido efeito pela manhã, faça-a de madrugada. Se jejuar de manhã não faz
efeito, jejua à tarde, à noite. Se lia um versículo, leia um capítulo com
entendimento. Se fazia campanha duas vezes por semana, faça quatro vezes. O
importante é que Jesus seja alcançado. Ele te ouvirá não porque você merece,
mas porque seu empenho será tanto que moverá suas mãos em seu favor. Qual é o
pai que vê o filho tentando aprender andar de bicicleta e não o segura para que
possa atingir seu objetivo? A oração move as mãos de Deus em nosso favor.
Enfrente esta multidão e chegue a Jesus nesta
noite. Se possível for desça seus problemas pelo telhado e coloque no colo de
Jesus. Jesus pode perdoar os pecados e fazer a cura da alma, mas também pode
fazer a cura física que você tanto necessita.
Se seu filho precisa de libertação das drogas,
persevere até alcançar Jesus e coloque-o em seu colo. Se seu marido precisa ser
salvo coloque- o no colo de Jesus. Se sua família tem passado por problemas
financeiros, coloque-a no colo de Jesus. Se sua vida espiritual está paralítica,
coloque-a no colo de Jesus. Seja qual for o paralítico que você carrega,
enfrente a multidão, não desista, a jornada de choro termina com a conquista da
alegria, mas para esta vitória não há atalho. É necessário cumprirmos o caminho
que Deus ordenou para nós, e só haverá vitória quando alcançarmos a Jesus.
Observações acerca do texto:
a) Segundo o costume judaico, primeiro
perdoavam-se os pecados para depois curar, pois criam que a enfermidade era
fruto do pecado.
b) Neste episódio ocorreram três milagres
simultâneos: o perdão dos pecados, a cura do paralítico e a ciência do
pensamento dos fariseus.
c) Pedro morava em Cafarnaum e sua casa ficava
na frente do Lago de Genesaré, possivelmente Jesus ficava lá quando passava
pela cidade, fato explicado pelo autor Mateus chamando-a de a casa de Jesus.
d) O fato de Jesus dizer que perdoava pecados
implica na condição de sua deidade, já que somente Deus pode perdoar pecados.
Quanto ao costume judeu, eles não criam que o Messias poderia perdoar pecados,
somente Jeová.
e) Ocorre uma cura espiritual seguida de uma
cura física. Nota-se que a segunda cura ocorre para comprovar a primeira. Às vezes o que realmente necessitamos é uma
cura espiritual e posteriormente uma física.
f) O que seria mais fácil: perdoar pecados ou
curar fisicamente? Aparentemente aos olhos humanos o mais fácil seria perdoar
pecados, o que é incabível, já que o perdão de pecados só pode ser efetuado por
Deus através de Jesus, implicando conseqüências suntuosas e eternas na vida
futura; o que já não ocorre com o corpo curado.
g) O poder de Jesus se divide em 4 classes:
poder sobre Satanás e seus demônios, poder sobre a natureza, poder sobre
enfermidades físicas e espirituais e poder sobre a morte.
h) A Bíblia é escrita em três linguagens:
alegórica, ilustrativa e literária.
i) Exemplos de perseverança como a dos quatro
amigos: a mulher do fluxo de sangue foi perseverante e não se conformou com sua
situação; Bartimeu continuou gritando mesmo após Jesus já ter passado por ele.
j) Jesus já sabia que aqueles cinco homens
chegariam e por eles esperava.