Para que haja uma compreensão correta
acerca da blasfêmia contra o Espírito Santo é necessário analisarmos todo o
contexto. O texto de Mateus 12. 22-32 traz uma visão mais profunda deste
acontecimento. Mateus narra que levaram a Jesus um endemoninhado que era cego e
mudo, e Jesus o curou, de modo que ele pôde falar e ver. Todo o povo ficou
atônito e disse: “Não será este o Filho de Davi?” Mas quando os fariseus
ouviram isso, disseram: “É somente por Belzebu, o príncipe dos demônios, que
ele expulsa demônios”. Jesus, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: “Todo
pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o
Espírito Santo não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o
Filho do homem será perdoado, mas quem falar contra o Espírito Santo não será
perdoado, nem nesta era nem na que há de ouvir.”
1) O
QUE NÃO É BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO?
Hernandes Dias Lopes alista alguns
fatos que não podem ser confundidos com a blasfêmia contra o Espírito Santo:
Em primeiro lugar, não é rechaçar
por um tempo a graça de Deus. Muitas pessoas vivem na ignorância, na
desobediência por longos anos e depois são convertidas ao Senhor. Por um tempo
Paulo rejeitou a graça de Deus (At 26.9; 1Tm 1.13). Os próprios irmãos de Jesus
não criam nele (3.21; Jo 7.5).
Em segundo lugar, não é negação de
Cristo. Paulo perseguiu a Cristo (At 9.4). Pedro negou a Cristo (Mt 26.69-75).
Os irmãos de Cristo no início não criam nele (Jo 7.5). Cristo disse que quem
blasfemasse contra o Filho seria perdoado (Lc 12.10). Um ateu não
necessariamente cometeu o pecado imperdoável.
Em terceiro lugar, não é negação da
divindade do Espírito Santo. Se assim fosse nenhum ateu poderia ser convertido.
Se fosse essa a interpretação, nenhum membro da seita Testemunha de Jeová
poderia ser salvo.
Em quarto lugar, não é a mesma coisa
que os pecados contra o Espírito Santo. A Palavra de Deus menciona alguns
pecados contra o Espírito Santo que não são blasfêmia contra ele: Primeiro, não
é entristecer o Espírito Santo (Ef 4.30). Segundo, não é apagar o Espírito
Santo (1Ts 5.19). Terceiro, não é resistir ao Espírito Santo (At 7.51). Quarto,
não é mentir ao Espírito Santo (At 5.3).
2) COMO
PODEMOS ENTENDER O QUE É A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO?
Segundo a Bíblia de Estudo NVI, o
contexto (v. 24,28,32) faz supor que o “pecado imperdoável” era atribuir a
Satanás os milagres de Cristo realizados no poder do Espírito Santo, com
objetivo de lhe conferir autoridade. Os mestres da lei atribuíam ao poder de
Satanás a cura feita por Jesus. (Bíblia de Estudo NVI. p.1637,1680)
Muitos teólogos tem compreendido que a
blasfêmia contra o Espírito Santo está ligada ao “pecado eterno”. A pessoa que
pratica tal pecado não é aquele que fez algo contra Deus e tem seu coração
arrependido e temeroso do pecado, mas é aquela que, devido à dureza do seu
coração possui uma atitude pertinaz contra o Espírito Santo. Essa atitude,
consciente e deliberada, nega a obra de Deus em Jesus Cristo por meio do
Espírito Santo. Os fariseus afirmavam que o poder que atuava em Cristo não era
do Espírito Santo, mas de Satanás, Belzebu “o senhor das moscas”. As pessoas
que praticam tal pecado permanecem num estado de incredulidade, de “pecado
eterno, sem arrependimento. O teólogo D. L. Moody diz que “A essência do
“pecado eterno” é a atitude do coração que sustenta o ato”. João Calvino
entendia que o pecado imperdoável é uma espécie de apostasia total.
3) POR
QUE A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO NÃO PODE SER PERDOADA?
A blasfêmia contra o Espírito Santo não
pode ser perdoada porque quem comete esse pecado diz que Cristo é ministro de
Satanás, negando a Cristo – o autor e consumador da nossa salvação. Negando
também o Espírito Santo – que convence o mundo do pecado, da justiça e do
juízo. É imperdoável porque comete de forma consciente, deliberada e
propositada – a blasfêmia não acontece por ignorância. É uma dureza de coração
irreversível, ou seja, nunca crerá para o arrependimento, porque escolheu não
crer, escolheu não se arrepender. William Hendriksen diz que os escribas
substituíram a penitência pela insensibilidade, e a confissão pela intriga.
Portanto, devido à sua insensibilidade criminosa e completamente indesculpável,
eles estavam condenando a si mesmos, fechando a porta da graça com suas
próprias mãos.
CONCLUSÃO
Tenha cuidado com a dureza de coração e
a incredulidade:
Irmãos, tende muito cuidado, para que nenhum de vós mantenha um coração
perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo.Hebreus 3.12
Assim como Pedro reconheça quem é
Jesus:
E, Simão Pedro respondeu: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Mateus
16.16
Busque a Deus:
Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto.
Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se
converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque
grandioso é em perdoar. Isaías 55.6,7