Essa comovente história
de mais um milagre operado por Jesus Cristo é contada por três evangelistas:
Mateus (Mt 9.1-8), Marcos (Mc 2.1-12) e Lucas (5.17-26). E, em contraste com o
capítulo 1 de Marcos, o capítulo 2 inicia a narrativa da perseguição sofrida
por Jesus. Essa oposição que se iniciara com Satanás e seus demônios, agora tem
continuidade através de homens. Os escribas, fariseus, doutores da lei e os
herodianos vão se unir nessa oposição ao ministério de Jesus.
1) ANÁLISE DA
MULTIDÃO
Quem fazia parte da
multidão que ouvia Jesus, não somente neste episódio, mas durante a sua
caminhada?
1º) Pessoas
que iam obter cura:
· Elas
não estão preocupadas com sua salvação, suas vidas estão boas apesar de
necessitarem de uma cura;
· Elas
não enxergam Jesus como o Salvador, mas como o abençoador;
· Querem
tudo no plano físico;
· Querem
respostas rápidas;
· Não
estão dispostas a pagar o preço do discipulado.
2º) Pessoas
que são carregadas por outras:
· Não
conhecem a Jesus;
· Não
tem forças para irem até Jesus;
· Precisam
de amparo, ajuda, até mesmo de serem carregadas.
3º) Pessoas
que levam outras até Jesus:
· São
misericordiosas e cheias de compaixão;
· Amam
ao próximo;
· Colocam
em prática os sentimentos que inflamam seu coração, elas agem e não apenas
assistem a miséria alheia;
· Estão
dispostas a ajudar o próximo a carregar seu fardo até Jesus.
4º) Curiosos:
· Ouviram
falar e querem ver com os próprios olhos;
· Estão
curiosos para saber quem é Jesus;
· Estão
curiosos para ouvir o que ele fala;
· Estão
curiosos para verem seus milagres.
5º) Críticos:
· Pessoas
que queriam vigiar Jesus;
· Queriam
contradizê-lo;
· Estavam
com o coração fechado, não eram ouvintes sinceros;
· Geralmente
são religiosos e colocam fardos sobre os outros;
· Tropeçam
em sua própria teologia;
· Analisam
a pregação, o ensino, as ações com intenção destrutiva e não construtiva.
6º) Invejosos:
· Os
invejosos queriam pregar com o conhecimento que Jesus tinha, falar com a
autoridade que ele tinha, fazer sinais e milagres como ele fazia;
· Não
estavam dispostos a pagar o preço e não aceitavam que Jesus se destacasse mais
do que eles;
· Filipenses
1.15 nos afirma que muitos pregam a Cristo por inveja e porfia.
7º) Pessoas
que impedem a passagem de outros:
· É
a multidão que bloqueia outros de se achegarem a Jesus. A multidão pode ser
nossa família, amigos, parentes, colegas de trabalho, colegas da faculdade,
irmãos da igreja, obreiros, etc;
· Colocam
empecilhos, dificuldades, não querem nos deixar orar, jejuar, ler a Bíblia, ir
à igreja, cumprir com nossos compromissos com Deus.
8º) Pessoas
que querem apenas ouvir e aprender, mas não querem fazer parte:
· São
os intelectuais, que desenvolvem apenas a mente e não abrem o coração;
· São
racionais e não compreendem as coisas espirituais;
· São
sábios aos seus próprios olhos.
9º) Pessoas
que são instrumentos de Satanás, o joio no meio do trigo:
· Querem
destruir a sua fé;
· Querem
destruir seu ministério;
· Querem
destruir sua reputação;
· Enganam,
mentem, atacam, perseguem, ser rebelam até provocar a sua morte.
10º) Pessoas
que buscam salvação:
· Reconhecem
que são pecadores e que necessitam de um Salvador;
· Não
querem apenas as bênçãos de Jesus, mas reconhecem que as bênçãos fazem parte
daqueles que são filhos de Deus;
· Querem
ter um relacionamento com Jesus;
· Estão
dispostos a pagar o preço do discipulado.
2) ANÁLISE DOS
QUATRO AMIGOS
Segundo o pastor
Hernandes Dias Lopes, os quatro amigos tiveram quatro atitudes admiráveis:
1ª) TINHAM VISÃO: A visão
determina a maneira de viver, a visão determina a ação. A visão espiritual é
necessária para mudar o seu jeito de viver e para que você queira ajudar o
próximo. O homem sem Jesus está só, doente, perdido. Não há esperança
para os aflitos a menos que os levemos a Jesus. Nós não podemos converter as
pessoas, mas podemos levá-las a Jesus. Não podemos realizar milagres, mas
podemos deixar as pessoas aos pés daquele que realiza milagres.
2ª) TINHAM DETERMINAÇÃO:
Aqueles homens tiveram várias dificuldades, mas não desistiram. Primeiro, o
peso do paralítico. Segundo, a multidão que não abria espaço. Terceiro, eles
não acharam lugar junto à porta. Quarto, subir com o paralítico para o telhado
da casa. Quinto, destelhar a casa. Sexto, descer o paralítico até Jesus. A
persistência desses homens nos ensina que quando um caminho está bloqueado,
devemos procurar outro.
3º) TIVERAM CRIATIVIDADE:
No manual de como levar um paralítico a Jesus não dizia assim: “Quando não
tiver jeito, faça isto ou aquilo”. Eles estão enfrentando um problema novo e
precisam achar uma solução. Então, pensaram: “Vamos subir, abrir o teto e
descê-lo aos pés de Jesus”. O telhado provavelmente era formado por vigas e
pranchas por cima das quais esteiras, ramos, e galhos, cobertos por terra
batida, eram colocados. Eles destelharam o telhado e desceram o homem no
seu leito onde Jesus estava. Cada geração precisa encontrar respostas para o seu
tempo. Eles mudaram de método, inovaram e foram ousados. Tem gente que diz:
“Nós sempre fizemos assim. Não pode mudar”. E aí, perdemos a geração. Temos de
ter coragem de quebrar paradigmas. Deus é criativo. Precisamos ter criatividade
na abordagem, na comunicação, nos métodos. A mensagem é sempre a mesma, mas os
métodos podem e devem ser adaptados de acordo com as circunstâncias.
4º) EXERCITARAM UMA FÉ
VERDADEIRA: Apesar de nenhum desses homens ter falado coisa alguma, todos
confiaram. E foi isso que realmente importou.224 A fé dos homens tocou o
coração do Senhor, levando o evangelista a registrar: “Vendo-lhes a fé, Jesus
disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados” (2.5). Adolf Pohl
citando Calvino e Bengel diz que a fé do paralítico está aqui incluída.225 Eles
não poderiam fazer o milagre nem salvar o homem, mas eles poderiam levá-lo a
Jesus. Levar o paralítico a Jesus era tarefa deles, perdoar e curar o coxo era
obra exclusiva de Jesus. A fé não é complacente nem inativa. Essa fé não é um
salto no escuro, como pensava o filósofo existencialista Kirkegaard, mas uma fé
operosa, que atua pelo amor. O milagre é Jesus quem faz, mas nós somos
cooperadores de Deus. Levar as pessoas aos pés de Jesus é nossa missão.
Precisamos ter fé que Jesus vai salvá-las, curá-las, libertá-las. Precisamos
evangelizar e ter fé que a igreja vai crescer.
3) ANÁLISE DO
PARALÍTICO
1º) Ele
reconhecia a sua necessidade;
2º) Ele
reconhecia que precisava da ajuda de outras pessoas;
3º) Ele cria
que Jesus podia curá-lo;
4º) Ele ouviu
o que Jesus disse;
5º) Ele
obedeceu a ordem de Jesus.
4) ANÁLISE DA AÇÃO
DE JESUS
Segundo o pastor
Hernandes Dias Lopes, a obra de Jesus é completa: Ele perdoou e curou; cuidou
da alma e do corpo; resolveu as questões do tempo e da eternidade. Vejamos o
que Jesus fez pelo paralítico:
1º) Em primeiro
lugar, Jesus curou o paralítico emocionalmente. A primeira palavra
que Jesus disse ao paralítico foi: “Tem bom ânimo” (Mt 9.2). Escondidos atrás
da paralisia estavam a depressão, o desespero, a auto-imagem destruída, as
emoções amassadas, os sonhos quebrados. Jesus diagnosticou que as emoções
estavam mais enfermas que o corpo. Antes de aprumar o seu corpo, Jesus
restaurou as suas emoções. Jesus sempre nos dá o que precisamos!
2º) Em segundo
lugar, Jesus curou o paralítico psicologicamente. Jesus disse para
o paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (2.5). Jesus levantou
sua autoimagem. Aquele pobre paralítico era como uma cana quebrada, que vivia
no desalento, dependendo de esmolas para sobreviver. Ele se julgava sem valor e
sem prestígio. Não se sentia amado. Mas seus amigos investiram nele e Jesus, o
Senhor do universo, o chamou de “filho”. Não é pouca coisa ser amado por Deus!
3º) Em terceiro
lugar, Jesus curou o paralítico espiritualmente. Jesus lhe
disse: “Filho, os teus pecados estão perdoados” (2.5). O pecado é a pior
tragédia. Ele é a causa primária de todas as nossas mazelas. O pecado não
perdoado é o maior amigo de Satanás e o pior inimigo do homem. O pecado é a
pior doença. É o veneno doce que mata o corpo e a alma. O pecado é pior do que
a solidão, que a pobreza, que a doença, que a própria morte. Todos esses males
não podem nos separar de Deus, mas o pecado nos separa de Deus agora e também
na eternidade. Jesus nunca tratou a questão do pecado com leviandade, diz
William Hendriksen.235 Ele não lidou com o pecado apenas como um tênue
sentimento de culpa ou traumas psicológicos. Para Jesus o pecado, é um desvio
indesculpável da santa lei de Deus (12.29,30), que tem um efeito drástico sobre
a alma.
4º) Em quarto lugar,
Jesus curou o paralítico fisicamente (2.10-12). Jesus curou o homem
fisicamente. Seus pés se firmaram, seus artelhos ganharam força, seus nervos
atrofiados voltaram a funcionar, seus músculos explodiram com nova vitalidade e
o homem entrevado saltou da sua cama cheio de vigor. A cura do paralítico foi
imediata, completa, perfeita e gratuita. Jesus tem autoridade para perdoar e
para curar ainda hoje. Ele é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre. Ele é o
Jeová-Rafá, aquele que sara todas as nossas enfermidades.
5) ANÁLISE DAS
CONSEQUÊNCIAS DAS AÇÕES DE JESUS
Segundo o pastor
Hernandes Dias Lopes:
1º) Houve grande
admiração entre as pessoas. Marcos registra a admiração do povo. Mateus diz que
as multidões ficaram “possuídas de temor” e Lucas diz que todos “ficaram
atônitos e possuídos de temor”. A multidão, na verdade, ficou atônita,
assombrada, fora de si.237 Cafarnaum, como nenhuma outra cidade, presenciou as
maravilhas realizadas por Jesus. Ele pregou-lhes aos ouvidos e aos olhos. Eles
ouviram e viram coisas gloriosas. Contudo, embora ficassem extasiados, não
foram transformados. Nada endurece mais o coração do que ouvir a Palavra e não
a colocar em prática, diz John Charles Ryle.238 Eles ouviram uma das mais
pesadas sentenças de Jesus mais tarde:
Tu Cafarnaum,
elevar-te-ás, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque, se em
Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela
permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menor rigor haverá, no dia
do juízo, para com a terra de Sodoma do que para contigo. Mt 11.23,24
2º) Houve uma exaltação
ao nome de Deus.
3º) Houve reintegração na
família (2.11). Jesus curou o paralítico e lhe ordenou a voltar para casa. Um novo
tempo haveria de acontecer agora naquele lar.
Estudo baseado no livro de Marcos - Pastor Hernandes Dias Lopes - Editora
Hagnos