Exclusão social tem haver
com deixado de lado, não fazer parte de um todo, estar à margem e não fazer
parte dos benefícios. Essa é a situação em que muitas pessoas se encontravam na
época de Jesus e a situação que muitas pessoas ainda vivenciam na atualidade.
Na perspectiva deste texto, Jesus é o amor de Deus encarnado; um amor que não
exclui pessoas, não faz acepção, não marginaliza. Jesus veio à terra para
convidar homens pecadores para fazerem parte de uma família real e celestial.
Não há rejeição de pecadores em Cristo. Jesus rejeita o pecado, mas jamais
rejeitará um pecador arrependido. O reino celestial não é exclusivo para
determinada classe social, padrão de conhecimento ou nacionalidade. O reino
celestial é aberto a todos os pecadores que reconhecem seus pecados, se arrependem,
confessam a Jesus como seu único e suficiente Salvador e nele perseveram até o
fim. Pecadores que, não se tornaram dignos de sua salvação porque desenvolveram
boas obras. É a misericórdia e a graça de Deus que alcança toda a humanidade,
inclusive os marginalizados, excluídos e considerados indignos pela sociedade.
O CHAMADO DE MATEUS
Na época do ministério terreno de Jesus Cristo havia
diversos cobradores de impostos. Os publicanos eram cobradores de impostos que
o Império Romano escolhia entre o próprio povo judeu para fazer a arrecadação
de seu povo em nome do império. Em vários textos da Bíblia essas pessoas eram
comparadas aos piores tipos de gente, especuladores e homens de qualidades
morais duvidosas; havia uma visão negativa acerca dos publicanos:
“Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes?
Não fazem os publicanos também o mesmo?” Mateus 5.46
Quando os mestres da lei que eram fariseus o viram comendo
com pecadores e publicanos, perguntaram aos discípulos de Jesus: "Por que
ele come com publicanos e pecadores?" Marcos 2:16
Os cobradores de impostos extorquiam a população judaica.
Roubavam cargas e produtos, arrancavam do próprio povo seu sustento, faziam
empréstimos com juros abusivos para pessoas que não tinham condições de pagar.
Não é de surpreender, portanto, que os cobradores de impostos fossem
desprezados. Os judeus evitavam associar-se com eles:
Se ele se recusar a ouvi-los, conte à igreja; e se ele se
recusar a ouvir também a igreja, trate-o como pagão ou publicano. Mateus 18.17
Jesus foi alvo de críticas por não tratar publicanos com
o mesmo desprezo dos judeus:
Veio o Filho do homem comendo e bebendo, e dizem: ‘Aí está
um comilão e beberrão, amigo de publicanos e "pecadores" ’. Mas a
sabedoria é comprovada pelas obras que a acompanham. Mateus 11.19
Defraudar um cobrador de impostos não era considerado
pecado entre os judeus. O Talmude classificava os cobradores de impostos junto
com os homicidas e assaltantes, e seu lucro como adquirido por fraude, engano e
violência, inadequado até mesmo para doações.
Nada disso impediu Jesus de convidar Mateus para ser seu
discípulo. Mateus era empregado do Império Romano, um coletor de impostos. Era
publicano, uma classe repudiada pelos judeus. Mas, Jesus não vê quem a pessoa
é, e sim, quem ela pode ser em suas mãos. Jesus chamou Mateus para segui-lo.
Mateus aceitou. Tornou-se discípulo. Tornou-se apóstolo. Tornou-se autor de um
dos evangelhos de Jesus Cristo. Mateus foi reintegrado, deixou de estar à
margem para estar no caminho. Jesus não reintegrou apenas um
publicano, a sua lista de reintegração dos marginalizados é longa e
extremamente misericordiosa:
1) Jesus
reintegrou a mulher do fluxo de sangue. Ela pode tocá-lo e ser curada. Após o
milagre ela voltaria a ser aceita no meio social. Sua impureza havia sido
purificada pela virtude de Cristo.
2) Jesus
reintegrou diversos leprosos. Eles não viveriam mais excluídos no leprosário.
Não estariam mais isolados de sua família e comunidade. Poderiam frequentar o
templo e a sinagoga. Poderiam sentir o toque e o carinho de outros. Não
precisariam mais gritar: Imundo!
3) Jesus
reintegrou o endemoninhado de Gadara. Sem vida social, sua morada era nos
sepulcros. Era violentamente atormentado, e assustava a comunidade por
sua fúria, perturbação, descontrole, ataques de violência, loucura, sujeira,
roupas maltrapilhas em condições animalescas. Bastou a presença gloriosa de
Jesus para trazer à tona o mundo invisível dos demônios. Reconheceram que Jesus
é o libertador dos homens e o flagelador dos demônios. Quando Jesus expulsou a
presença maligna da vida daquele homem, a presença animalesca o deixou trazendo
de volta sua condição humana. Jesus libertou o cativo, devolveu-lhe a vida,
reintegrou-o à sua família e sua comunidade.
4) Jesus
também reintegrou os paralíticos, os cegos, os surdos, a mulher samaritana, a
mulher adúltera e diversos outros, que por algum motivo encontravam-se à margem
da sociedade.
CONCLUSÃO
A alguns que confiavam em
sua própria justiça e desprezavam os outros, Jesus contou a parábola do fariseu
e do publicano que foram ao templo orar (Lucas 18:9-14).
O evangelho da graça tira
o peso da Lei e do julgamento. A postura de Cristo destrói toda hipocrisia
humana de acepção de pessoas, altivez e marginalização. Em Cristo todos temos
oportunidade. A porta da graça está aberta, o convite está feito e o Céu está à
espera de todos os que abrirem seu coração para essa oportunidade de
consequências eternas.